Uso do Narguilé: perigo camuflado

Profissionais da Saúde alertam para o uso do cachimbo, que é comparado com o fumo de 100 cigarros

 

O número crescente de jovens usuários do narguilé no município levou os profissionais que atuam no programa antitabagismo alertar os pais e a comunidade sobre o uso do cachimbo. O assunto já tem ênfase nacional, sendo que foi o tema da campanha do Dia Nacional de Combate ao Fumo, no dia 29 de agosto. O tema foi escolhido pelo Ministério da Saúde e o Instituto do Nacional do Câncer.

Conforme explica a Enfermeira Aline Romanini, já está comprovado que o seu uso é mais prejudicial que o de cigarros. “Segundo estudos da OMS, uma sessão de narguilé dura em média de 20 a 80 minutos, o que corresponde à exposição dos componentes tóxicos presentes na fumaça de aproximadamente 100 cigarros. O uso de narguilé está associado ao desenvolvimento de câncer de pulmão, doenças respiratórias, coronarianas, doença periodontal e baixo peso ao nascer. Entretanto, os riscos do uso do narguilé não estão somente relacionados ao tabaco, mas também a doenças infectocontagiosas: o hábito de compartilhar o bucal entre os usuários pode resultar na transmissão de doenças como herpes, hepatite C e tuberculose”, explica.

A enfermeira diz ainda que muitos consideram o consumo do narguilé menos nocivo à saúde, por utilizar mecanismos de filtro e a fumaça causa menor irritação na mucosa, no entanto, favorece a maior inalação dos vapores que contêm diversas substâncias cancerígenas. “Também conhecido como cachimbo d’água, o narguilé é um dispositivo para fumar no qual o tabaco é aquecido e a fumaça gerada passa por um filtro de água antes de ser aspirada pelo fumante, por meio de uma mangueira”, explica.

Além disso, a profissional explica que o uso do narguilé expõe a doses suficientes de nicotina que causam dependência. “Estudos também apontaram que após 45 minutos de uso de narguilé, ocorre elevação das concentrações plasmáticas de nicotina, dos batimentos cardíacos e monóxido de carbono expirado. Este aumento do monóxido de carbono pode aumentar o risco de acidentes no trânsito devido à diminuição do oxigênio sanguíneo no cérebro, já que pode provocar problemas com a coordenação motora, tonturas, fadiga e sonolência”, ressalta.

Conforme destaca a Farmacêutica Rosilene V. Brustolin, para os jovens e adolescentes, o uso do narguilé se traduz como “apenas uma essência, um aroma”, mas esta é a máscara utilizada pela indústria do tabaco como estratégia para que os jovens possam começar a fumar precocemente. “A adição de aromatizantes e flavorizantes para tornar o cheiro/sabor agradável durante as sessões de fumo atrai novos usuários e reforça o comportamento para os já dependentes do tabaco”, destaca a farmacêutica Rosilene.

A Psicóloga Adelita Perla Haro alerta que o narguilé pode causar dependência e, muitas vezes, pode ser a porta de entrada para o uso regular de outros produtos de tabaco. “Cabe ressaltar que a adição de maconha durante as sessões também é um hábito frequente entre os usuários, resultando em maiores danos à saúde. O adolescente busca sua autoafirmação e seu espaço diante do grupo e, o fato de usar o narguilé por várias pessoas ao mesmo tempo, reforça o aspecto da socialização do cachimbo como algo muito atraente para os jovens”, alerta a profissional.

Em Catanduvas existe o Programa de Combate ao Fumo, com abordagem comportamental em grupos e terapia medicamentosa para ajudar as pessoas que querem parar de fumar. O projeto é desenvolvido pelas profissionais acima entrevistadas. Para maiores informações os interessados devem procurar as profissionais na unidade central.