JANEIRO BRANCO- QUEM CUIDA DAS EMOÇÕES, CUIDA DA VIDA!

JANEIRO BRANCO- QUEM CUIDA DAS EMOÇÕES, CUIDA DA VIDA!

A Campanha Janeiro Branco – é uma campanha totalmente dedicada à conscientização e à prevenção em relação à Saúde Mental, uma campanha concebida por psicólogos(as) e realizada por psicólogos(as) e estudantes em parceria com todos os demais profissionais do universo da Saúde. A Campanha surgiu em Uberlândia/MG tendo como inspiração o Outubro Rosa.

Justifica-se como uma importante ação preventiva voltada à promoção de mais Saúde Mental nas vidas das pessoas.

Os 5 principais objetivos da Campanha Janeiro Branco são:

1) Fazer do mês de Janeiro o marco temporal estratégico para que todas as pessoas e instituições sociais do mundo reflitam, debatam, conheçam, planejem e efetivem ações em prol da Saúde Mental e do combate ao adoecimento emocional dos indivíduos e das próprias instituições;

2) Chamar a atenção de todo o mundo para os temas da Saúde Mental e da Saúde Emocional nas vidas das pessoas;

3) Aproveitar a simbologia do início de todo ano para incentivar as pessoas a pensarem a respeito das suas vidas, dos seus relacionamentos e do que andam fazendo para investirem e garantirem Saúde Mental e Saúde Emocional em suas vidas e nas vidas de todos ao seu redor;

4) Chamar a atenção das mídias e das instituições sociais, públicas e privadas, para a importância da promoção da Saúde Mental e do combate ao adoecimento emocional dos indivíduos;

5) Contribuir, decisivamente, para a construção, o fortalecimento e a disseminação de uma “cultura da Saúde Mental” que favoreça, estimule e garanta a efetiva elaboração de políticas públicas em benefício da Saúde Mental dos indivíduos e das instituições.

             

Pensando em contribuir para a população referente ao Janeiro Branco, a Secretaria de Saúde do Município de Catanduvas, esteve conversando com a Médica Psiquiatra, Dra. Pauline Ruaro Peralta, da cidade de Concórdia, que respondeu algumas perguntas, para esclarecer dúvidas frequentes.

 

 

O Que é depressão?

Dra. Pauline: O transtorno depressivo, a famosa depressão é um transtorno mental muito frequente, atingindo até 15% dos indivíduos ao longo da vida, podendo variar de um quadro leve a moderado até casos mais graves que podem apresentar risco de suicídio e sintomas psicóticos.

 

Quais as causas da Depressão?

Dra. Pauline: Existem várias causas para o transtorno depressivo, por isso dizemos que é uma doença multifatorial. Podemos citar causas genéticas (historia familiar de depressão), causas biológicas onde temos a desregulação de alguns neurotransmissores como serotonina, noradrenalina e dopamina e por ultimo, os fatores ambientais e sociais.

Quais os sintomas da Depressão?

Dra. Pauline: Depressão não necessariamente é a pessoa ficar trancada em um quarto escuro chorando o dia inteiro, existem vários sintomas que podem indicar um quadro de depressão.

– humor deprimido

– falta de interesse ou prazer em atividades antes prazerosas;

-alteração de apetite;

-alteração de sono;

-ansiedade, agitação ou lentificação;

-fadiga, cansaço;

-sentimento de inutilidade ou culpa excessiva;

-capacidade diminuída de pensar ou concentrar-se, ou indecisão;

-pensamento de morte;

Ainda existe muito preconceito em relação as doenças mentais?

Dra. Pauline: Reduziu, mas ainda existe. Isso tem relação com aspectos culturais da nossa região. Além disso, algumas vezes a mídia também contribui para um desserviço. Recentemente, uma novela vinculou o papel do psiquiatra a uma figura que prejudicava seu paciente, administrando medicações que dopavam o mesmo. E apresentou algumas formas de tratamento, sendo realizada de maneira como se fosse torturas, isso tudo contribui para o preconceito.

Como identificar os sintomas da Depressão e quando se deve buscar ajuda?

Dra. Pauline: Quando se perceber que aqueles sintomas que relatei anteriormente realmente estiverem causando algum prejuízo na vida do individuo, seja no ambiente de trabalho, familiar ou social, é importante buscar ajuda.

Além dos medicamentos, quais outras opções de tratamento para as doenças mentais?

Dra. Pauline: A medicação tem um papel fundamental, principalmente nos casos moderados a graves, associado à psicoterapia, que é de grande importância na maioria dos casos. Além disso, é importante que o paciente modifique algumas rotinas que podem estar contribuindo para o quadro depressivo. Abandono do abuso de álcool ou drogas, atividade física regular, controle e de outras doenças clinicas.

Quais os principais problemas associados à falta de adesão ao tratamento medicamentoso, doses esquecidas e interrupção do tratamento por conta própria?

Dra.Pauline: O próprio quadro depressivo já dificulta adesão ao tratamento (a família é muito importante nesse momento). A maior parte dos pacientes quando se sentem bem, acham que podem abandonar o tratamento, não respeitam que precisam manter um tratamento de manutenção, ai vai o papel de quem prescreveu o medicamento, de orientar, que mesmo depois da remissão dos sintomas, existe um período que deve usar a medicação para eficaz do tratamento, para depois ser retirada com orientação do médico.

Quais são os problemas no uso de medicamentos associados ao tabagismo e ao consumo de álcool?

Dra. Pauline: Tanto o tabaco como o álcool são substancias que por si so são causadores de ansiedade, então elas podem contribuir para agravar o quadro. Não é aconselhado utilizar álcool durante o tratamento medicamentoso, pois este pode potencializar alguns efeitos colaterais e pode ser muitíssimo perigoso.

Como distinguir a tristeza patológica daquela transitória provocada por acontecimentos difíceis e desagradáveis mas que são inerentes a vida de todas pessoas?

Dra. Pauline: Hoje em dia existe uma tendência a querer se medicar em qualquer tipo de tristeza e de sentimento ruim.  A tristeza é um sentimento normal e muitas vezes adequado, dependendo da situação. Mas o importante é ver o tipo de prejuízo que isso esta causando na pessoa e o tempo que isso vem ocorrendo, se a tristeza acontece todos os dias, na maior parte do tempo, a pelo menos um mês, se esta realmente prejudicando a atividade social, laboral, no ambiente familiar.

Percebe-se um aumento dos casos de depressão em adolescentes! A Dra. Confirma esse dado? Na sua opinião, a que se deve esse fato?

Dra. Pauline: Sim, realmente tem aumentado os casos de depressão em adolescentes. Vale ressaltar que o adolescente diferente do adulto jovem, ele apresenta um quadro de depressão muito mais com irritabilidade ou ansiedade, não tanto com tristeza ou humor deprimido. Eu acho que esse fator de aumento na prevalência pode ser atribuído a vários fatores, como, o uso de drogas, álcool, um papel importante das redes sociais, onde se encontra uma felicidade maquiada, influenciando o adolescente que ainda não tem seu ego bem estruturado, sua personalidade bem formada, acaba se frustrando muito com isso, e isso acaba contribuindo para ter um sintoma depressivo.

Que orientações de modo geral a Dra. Poderia dar as famílias dos portadores de depressão?

Dra. Pauline : o mais importante é que a depressão é uma doença como qualquer outra, uma doença que tem uma base genética, tem uma base biológica, que explica que não é só uma preguiça, uma falta de vontade, que não tem uma motivação própria, o paciente não está assim por que ele quer, entender dentro de um contexto que é um transtorno que deve ser tratado e que existe tratamento e que a família deve dar apoio para isso.