Antibiótico só com receita médica

 

A norma da ANVISA começa a valer a partir do próximo domingo

 

Quem costuma tomar antibiótico sem prescrição médica terá que mudar o hábito na próxima semana. Começa a valer, a partir do dia 28, a nova norma da Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA, que proíbe a venda de antibióticos sem a receita controlada.

Para o farmacêutico e proprietário de farmácia, Thione Dias do Amaral a norma vai limitar o uso indiscriminado dos antibióticos, mas também comprometer o acesso ao atendimento médico. "Ela vem para ajudar, já que é muito comum a automedicação, mas vai acumular o atendimento nos Postos de Saúde, já que a demanda irá aumentar. As pessoas, que hoje procuram a farmácia por alguma infecção leve, vão agora ao hospital ou Posto de Saúde", comenta.

Thione diz ainda que agora a venda do antibiótico deve reduzir bastante. "Hoje, em torno de 15% da venda total de antibióticos é sem receita médica", salienta.

Para a médica do Posto de Saúde de Jaborá, Daniele Pozzebon com a norma da ANVISA as pessoas poderão ser reeducadas. "Mesmo que as pessoas procurem demais o médico, sendo que em muitos casos a ansiedade é maior do que a necessidade, a gente vai ter a oportunidade de educar, orientar. Os médicos também precisam se reeducar, não são todas as doenças que necessitam de antibiótico", salienta.

Conforme explica a médica, é no uso sem orientação, na dosagem e tempo errado que as bactérias, como a KPC (resistente ao antibiótico), acabam sendo fortalecidas, criando resistência ou favorecendo mutações. Além disso, do mesmo modo que destrói bactérias que causam a doença, também destrói as bactérias necessárias para o sistema imunológico do organismo.

"O antibiótico só deve ser receitado quando há uma infecção diagnosticada clinicamente e com exame complementar. Não é por que a pessoa está com gripe ou resfriado que terá que tomar o antibiótico.", finaliza Daniele.

 

Receitas serão retidas na farmácia

As informações vão para um cadastro nacional

O objetivo da ANVISA de venda obrigatória com receita médica é mudar o hábito dos brasileiros de correr à farmácia para comprar um antibiótico quando surge qualquer tipo de dor. 

A partir de agora, os antibióticos só poderão ser vendidos em farmácias e drogarias do país mediante a apresentação da receita em duas vias.

A primeira ficará retida na farmácia e a segunda deverá ser devolvida ao paciente carimbada para comprovar o atendimento.

Todas as prescrições deverão ter suas movimentações registradas no Sistema Nacional de Gerenciamento de Produtos Controlados (SNGPC). O prazo para que as farmácias iniciem esse registro e concluam a adesão ao sistema é de 180 dias.  Segundo o farmacêutico Thione Dias do Amaral não haverá muitas mudanças na rotina da farmácia. "Este sistema já existe devido aos medicamentos controlados, como os de tarja preta. O que teremos que fazer é cadastrar estes antibióticos no sistema e tornar eles controlados", explica.

Segundo a ANVISA, a nova norma define, também, novo prazo de validade para as receitas, que passa a ser de 10 dias, devido às especificidades dos mecanismos de ação dos antimicrobianos.